quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tá na hora...



Tá na hora de partir daqui,

Já deu o que tinha de dar,

O amor se acabou pra ti.

Cada um sabe o que faz,

É no tropeço que a gente se refaz.

O Sol nasceu pra todos,

Inclusive pra mim.



Tá hora, de acordar cedinho,

Com pé na estrada.

De rezar baixinho

Pela madrugada,

Pedindo a Deus proteção,

Amor, paz e união.

Tudo isso forte no meu coração.


Tá na hora de deixar

De lado meu violão,

Pra fugir e não cantar

A minha emoção,

O meu sonho embalado

Na escuridão,

Quando estava ao teu lado.


Tá hora de dizer

O que não se diz

Queria viver

Como o giz

Que se some,

Sem dizer bis,

Na música que leva o teu nome.


(música de Marco Valério Gomes Batista Gonçalves)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fragmento de um papel

A vida de um médico é escrita de uma forma contínua através da caneta humana, que já nasce com a gente. Deus nos dá a tinta. Agora, os rabiscos, a caligrafia, as falhas e a redação são nossas, seres humanos, realizados no papel de nossas vidas.
Utilizando desse mesmo papel e fragmentando-o, chego a uma passagem da minha vida médica, que relatarei logo em seguida.
Um paciente chega ao pronto atendimento, encaminhado com suspeita de AVC, seu quadro era grave, bastante dispneico, torporoso, com déficit de força. Inicialmente, não tínhamos nenhuma informação adicional. O que fazer?
Pensei em intervir bruscamente através de entubação orotraqueal e ventilação mecânica, porém veio a minha mente, após ter vivenciado casos parecidos passados, aventar a possibilidade de hipoglicemia. Foi feito o teste, e realmente, o paciente estava com hipoglicemia. Em seguida, realizamos três ampolas de glicose por via intravenosa e o paciente acordou, como se nada tivesse acontecido.
A enfermeira olhou para mim e disse:
_ Mas doutor, pra você ver só 3 ampolinhas de glicose resolveram o problema dele num foi?
Neste momento, eu contei uma história para ela e, os outros colegas de plantão, inclusive o nosso amigo Dr. Ivsom Cartaxo estava presente naquele momento, grande médico.
O que contei? Foi uma passagem de um livro que tinha lido na Biblioteca da UFPB, quando era estudante de Medicina. Era um livro de Marketing e Propaganda, pois sempre gostei de outros temas interessantes.
A estória era a seguinte: havia um problema nas tubulações de um navio, nas quais ninguém conseguia encontrar onde estava o defeito. Era do conhecimento de alguns que na cidade havia um senhor que utilizava um martelinho e sua audição em contato com os tubos, para detectar os defeitos nos navios do cais. Esse senhor foi chamado para resolver o problema daquele navio.
Ele foi aplicando discretos toques com o martelo e ouvindo, por toda a extensão de alguns tubos. Quando chegou a um determinado ponto, ele disse que o defeito era ali e só aplicou duas marteladas e resolveu o problema.
Na hora do pagamento, o comandante do navio perguntou o seu preço. O senhor exigiu um valor muito alto. E o comandante retrucou:
_ Um valor tão caro por apenas duas marteladas?
O senhor com sua experiência disse:
_ Esse valor não foi apenas por duas marteladas, mas foi por saber o tempo certo e onde aplicar as marteladas. Eis a diferença.
Aqui deixo esse fragmento de papel de minha vida... Depois ficamos sabendo que o paciente estava trocando sem querer o seu remédio da pressão pelo remédio da diabetes de sua mulher, ocasionando assim a hipoglicemia, que quase ceifou a sua vida.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

Este texto está também publicado na revista Marcorkut, na seção "Minhas histórias médicas"